A Teoria da Internet Morta Vs O Viés do Sobrevivente

A Teoria da Internet Morta Vs O Viés do Sobrevivente Foto por 烧不酥在上海 老的

Alguns textos feitos por IA são absurdamente fáceis de identificar. Expressões como “X não é apenas Y — é Z”, alinhadas a outras bandeiras, convencem o leitor mais aguçado de que aquela sequência de palavras não é o resultado de dedos de carne e osso num teclado.

Essa capacidade humana de perceber o estilo da escrita de um sistema linguístico avançado nos faz questionar se realmente uma LLM poderia substituir um redator. Língua é muito mais do que morfemas e sintagmas, é subjetiva e tão estranhamente complexa, pois se relaciona diretamente com sentimentos, sensações, memórias incertas e paixões que uma máquina ainda não chega perto de simular.

Ou, ao menos, é isso o que pensamos.

Certas IAs já conseguem reproduzir vídeos tão realistas que enganam a maioria absoluta dos internautas. Não é difícil de imaginar que textos possam estar também neste patamar. O escritor deste artigo, por exemplo, pensa que jamais conseguirá convencê-lo, leitor, de que este texto foi escrito à “moda antiga”. Mas ele espera que confie nele de que foi. Porque foi.

Não fosse isso o bastante, ainda temos que falar sobre outro fato: e quanto aos modelos de IA que ainda não foram lançados ao público?

Diversos modelos podem ser treinados e aperfeiçoados por organizações privadas ou até mesmo governamentais, em formato sigiloso. Várias tecnologias têm, de fato, operações dessa forma. Estamos diante de uma tecnologia que pode manipular a realidade com mídias digitais falsas extremamente bem-feitas, cada vez mais difíceis de distinguir do que é real.

Hoje mesmo, é possível baixar em aparelhos celulares uma IA que transforma qualquer foto em um vídeo, customizado com aquilo que o usuário pedir. E o resultado, claro, apesar de não ser perfeito, é suficientemente bom por vezes para convencer alguém de que aquilo foi real. Tudo isso gratuitamente.

Em suma, talvez a Internet Morta não seja algo nascendo, mas sim, algo que já cresceu e se desenvolveu a ponto de não conseguirmos identificar o que é vivo e o que é resultado de cálculos frios em uma interface de silício.